CAFÉ DO ZÉ PARTE 3 Vida que segue


Todo dia ele faz tudo sempre igual...
Como todos os dias, Zé abriu a porta de ferro, ligou a máquina, o forninho, organizou as mesinhas e cadeiras e passou pano em tudo. Olhou para as xícaras na prateleira, foi tirando uma por uma e colocando dentro da pia. Estavam cheias de pó, meio engorduradas até. Tirou um espresso direto na sua canequinha de ágata esmaltada, o pão de queijo estava quase. Viu que o engenheiro bom de papo estava atravessando a rua, Zé guardou a caneca velha debaixo do balcão.
Veio logo cedo, doutor? O que vai querer hoje? O de sempre? Fique à vontade.
O engenheiro, que era bem alto, se espremeu na mesinha perto do balcão. Zé logo veio com o espresso duplo e o pão de queijo e contou que estava pensando em reformar o café, que talvez precisasse de uma ajuda, não entendia muito de reforma e a grana estava curta. Doutor olhou para o teto, para as paredes cheias de umidade, bateu com o pé no piso de cacos de cerâmica e explicou: Olha, olhando assim parece que não tem nenhum problema estrutural, no mais é umidade, mas isso é fácil. Se você for trocar o forro a gente vai poder ver melhor se tem algum outro problema. Mas, pode contar comigo, te ajudo no que eu puder. Agora, Zé, pelamordedeus, troca essas mesinhas de ferro enferrujadas por umas de madeira. As cadeiras também, porque essas daí são muito ruins. E, vai me desculpar, são feias pra caramba. Até amanhã, a gente vai se falando.
O engenheiro saiu, Zé se sentou para ver se eram ruins mesmo. Eram. Eram feias também. Voltou para o balcão, tomou o café frio com pão de queijo murcho e foi lavar aquele monte de xícaras imundas.
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