29- Faustina morreu com 75 anos. Muito cedo ainda. Era uma mulher bonita, ativa, e cheia de vida. Não reclamava de nada. Apesar dos altos e baixos, dizia que era uma pessoa feliz. Quando pode, fez tudo o que queria, conseguiu dar uma ótima educação aos filhos e vê-los se casarem com moças ótimas. Nos últimos anos, pouco antes de morrer, era muito independente, resolvia tudo sozinha, sempre generosa e amorosa com todos, com um ótimo senso de humor. Queria muito um neto, teve essa alegria, chegou a brincar bastante com o filhinho de Nondas.

Faustina fez falta, sua morte repentina foi um choque. Sempre dizia que não queria ficar entrevada numa cama dando trabalho para os outros, e não deu. Apenas deixou um vazio enorme.

Paulo Eduardo e Vera Cecília estavam com problemas financeiros, o aluguel do apartamento onde moravam estava muito alto, queriam mesmo se mudar para um lugar mais acessível. Conversaram com o dono do apartamento onde Faustina morava, explicaram que poderiam se mudar logo se ele fizesse um ajuste camarada no aluguel. Pediram também para ajudar com os consertos e a pintura, assim ficaria justo para os dois lados. Esse senhor, o proprietário, gostava muito da família e colaborou bastante durante a transição.

Mas, como nessa vida nem tudo pode ser um jardim florido, surgiu um problema: os gatos. O novo condomínio não aceitava animais.

Primeiro foi difícil conseguir quem quisesse os gatos, depois uma verdadeira novela mexicana cada vez que tinham de entregá-los. Por sorte, algumas pessoas decidiram ficar com mais de um, e uma ONG de animais para adoção acabou ficando com os três últimos que sobraram. O casal ficou em depressão.

A coisa estava tão séria que Vera Cecília ligou para seu terapeuta dos tempos em que ela e Paulo Eduardo haviam terminado o namoro e marcou um horário. Terapia de casal para não ficar muito caro.