Faustina ia ao hospital todos os dias, Vera Cecília ia dia sim, dia não, Nondas ia com frequência quando podia. O processo da visita era longo, horários nem sempre cumpridos, senhas, filas intermináveis até chegar ao paciente. Dentro da UTI, mal a visita chegava já era hora de sair. Cada hospital tem seu protocolo por vários motivos, inclusive de contaminação. Na verdade, a visita cria essa expectativa, mas o que encontra é sempre a mesma coisa: seu ente querido imóvel, ligado às máquinhas, por isso nem adianta ficar muito. Alguns acreditam que a pessoa em coma não ouve nem sente nada, outros dizem o contrário, inclusive que é bom falar paciente palavras de encorajamento e afeto e que isso ajuda na recuperação.

Paulo Eduardo começou a ouvir o som das máquinas que o mantinham vivo. Depois ouviu vozes, ruídos do movimento de médicos e enfermeiras. tentou mexer as pernas, nada. Tentou erguer o braço, nada. Gritou chamando as enfermeiras e ninguém nem olhou para ele. Depois de várias tentativas se deu conta de que sua voz não saía, então entrou em pânico. As máquinas registraram alterações, pressão arterial subiu, batimento cardíaco aumentou, aconteceram anormalidaes respiratórias.O médico de plantão percebeu e deu uma ollhada para o leito 7. O paciente estava imóvel como sempre, achou melhor terminou o que estava fazendo antes d ir até lá. Quando se aproxima leva um susto, grita pedindo ajuda e começa a correria. Paulo Eduardo estava tendo um enfarto.